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segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

CONHECER É PODER?

Gerson N. L. Schulz




Representação do
Filósofo Pitágoras
Nascido por volta de 500 a.C na cidade de Metaponto (ao sul do que hoje é a Itália), Hipaso de Metaponto era membro da escola dos Pitagóricos. O filósofo Pitágoras era de Samos e em 530 a.C vivia o apogeu de sua vida pública como o chefe da Escola dos Pitagóricos. Suas doutrinas elementares afirmavam que os números eram o princípio de toda ordem no universo, consequentemente, o universo havia sido criado por uma entidade racional. Para Pitágoras a música (na qual ele determinou as relações harmônicas de oitava, quinta e quarta), era a linguagem matemática universal.


Além disso, como todos os elementos da natureza podiam ser associados às figuras geométricas, acreditava que a natureza era constituída por números, mas não simplesmente pelos numerais como conhecemos hoje (abstratos) e sim, para Pitágoras, os números eram entidade reais, materiais e racionais. E era por meio dessa racionalidade que o universo era mantido.

O problema surgiu quando o discípulos Hipaso de Metaponto, trabalhando sobre as relações métricas no triângulo retângulo, pôs em dúvida a ideia de que todos os números eram racionais. Partindo da descoberta de seu mestre de que, em um triângulo retângulo qualquer, o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos, Hipaso se perguntou: e se os lados do triângulo retângulo medirem 1? O que acontece? Realizando o cálculo ele descobriu que a hipotenusa teria o valor da raiz quadrada de 2. E isso era gravíssimo, ou ele tinha errado os cálculos ou nem todos os números do universo eram racionais. Ele estava certo, tanto que Pitágoras o proibiu de contar a quem quer que fosse esse segredo, pois Pitágoras acreditava que se alguém soubesse da existência de números irracionais, o mundo e toda a humanidade seriam destruídos.

Mas Hipaso não só contou a outras pessoas, como escreveu um livro sobre o assunto. O fato é que, até hoje, sua morte, logo após a publicação do livro, permanece mistério. Ao que se sabe ele se afogou ao atravessar, juntamente com outros companheiros, um rio. Mas a história mais comum é de que ele foi afogado como punição por ter revelado o segredo dos números irracionais.

Refletindo-se a infeliz história de Hipaso de Metaponto, pode-se concluir que nem sempre conhecer é poder. Lamentavelmente, quando o conhecimento abala a fé das pessoas, suas crenças ou quando é manipulado ou falsificado, ele não liberta ninguém e pode até causar a morte. E quem paga por isso é o cientista que é, por vezes, perseguido porque suas descobertas chocam os paradigmas conservadores que determinada sociedade costuma propagar como sua "verdade". Assim como Hipaso foi assassinado, assim também na idade Média os cientistas eram queimados pela inquisição católica, na Modernidade (como foi por anos o caso de Charles Darwin, Pasteur, Tesla e outros tantos), eram vítimas de chacotas ou morriam na miséria sem ter o que comer.

Concluindo, e na Pós-modernidade, o cientista e o filósofo recebem o destaque que merecem ou se continua pensando que eles e suas idéias não passam de histórias? Pode ser que nem sempre conhecer seja poder, mas na maioria dos casos o conhecimento mudou a história da humanidade para sempre.



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