Gerson N. L. Schulz
Todos os anos, para aqueles que acreditam no cristianismo, esta época é para se refletir sobre o ano que passou, sobre a vida, sobre o que se fez e para onde se quer pilotar a nau da existência, como afirma o filósofo Platão (428-347 a.C) no Fédon.
Claro que Platão não era cristão nem poderia ser, pois o cristianismo ainda não fora "inventado". Segundo o filósofo Giovanni Reale, em sua História da Filosofia (1991), Platão, apesar de ser um grande divulgador das capacidades racionais do homem (que os gregos chamavam 'Logos'), dava fundamental importância ao mito que para ele não era fantasia, mas expressão de fé e crença. Para Platão o mito é a fé racionalizada. O mito procura clarificação no Logos e o Logos busca complementação no mito, segundo Reale.
Ao analisar esta frase pode-se inferir que Platão reconhecia os limites da razão e também que, de fato, há coisas que ela não pode explicar. Por isso confiava ao mito esta capacidade, isto é, o mito é aquela explicação poética, impossível de ser comprovada, que às vezes foge completamente da realidade conhecida cogitando a existência de outra que não se pode ver.
Entretanto, no caso do natal, essa concepção não se aplica, pois o natal não se trata da gênese dos deuses gregos nem da escatologia, suposta, após a morte. O natal é uma data muito improvável reconhecida sua improbabilidade pela própria igreja que o criou, o cristianismo católico. Caso Cristo realmente existiu (é bom lembrar que a ciência história até hoje não confirma sua real existência, nem a autenticidade das narrativas contidas nos chamados evangelhos), dificilmente teria nascido em vinte e cinco de dezembro. Esta é uma data convencionada porque ninguém sabe ao certo se a personagem principal da festa realmente existiu, quanto mais sua natalidade.
O natal como se conhece hoje é uma invenção do mundo católico medieval. A bíblia também não confirma a identidade dos reis magos e nem que eram três. Provavelmente se Jesus nasceu ele não veio ao mundo em uma manjedoura como se diz, mas em uma estalagem à entrada de uma cidade como era comum na época.
Não é objetivo aqui discutir os pormenores desta história "mal contada" porque nela sobram lacunas para preencher, por sinal. Porém, nunca se teve a notícia depois dos relatos dos evangelhos sobre uma estrela que anda e pára como hipoteticamente era a que guiava os magos do Oriente, segundo Mateus. Algo assim não poderia ser uma estrela!
Não é objetivo aqui discutir os pormenores desta história "mal contada" porque nela sobram lacunas para preencher, por sinal. Porém, nunca se teve a notícia depois dos relatos dos evangelhos sobre uma estrela que anda e pára como hipoteticamente era a que guiava os magos do Oriente, segundo Mateus. Algo assim não poderia ser uma estrela!
Para finalizar este texto crítico sobre o natal (que penso ser mais comércio que religião, mais trabalho/exploração dos comerciários que ficam nas lojas em pé, com fome, atendendo uma massa exigente, quando não mal educada, faminta pelos produtos da moda, ávida por cacarecos que estarão imprestáveis daqui a um ano), - e como fazem sucesso aquelas bugigangas fabricadas por mão-de-obra escrava na Ásia - só resta dizer: é natal de novo "e o ano novo já vem…", como diz a canção...