Gerson Nei Lemos Schulz
Texto originalmente publicado na Revista Conhecimento Prático Filosofia N. 29 - Abril de 2011 da editora Escala
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Até hoje é questão de debate a pergunta: "quem surgiu primeiro: a Filosofia ou a Educação?" defendo que desde o dia em que o homem olhou a sua volta e se perguntou: o que é a vida? Para onde se vai após a morte? Por que as coisas queimam? Nasceu a filosofia.
Com o passar do tempo e a organização dos homens em tribos e cidades, isso graças à sistematização do conhecimento sem o qual não teriam conseguido sair de sua vida nômade, surgiu a educação. Moacir Gadotti diz (História das Idéias Pedagógicas), que a educação pré-histórica era oral e passada de pai para filho na família. Educação era práxis. Aprendia-se a usar o arco, usando-o. O aprendizado de um indivíduo era voltado à resolução de problemas do cotidiano. Por não haver escolas, a educação não era burocrática.
Mas foi na Grécia que apareceu a filosofia enquanto ciência de altos estudos e também a escola. Os filósofos produziam conhecimento, mas o ensinavam na escola. Então indagar sobre a natureza das coisas era praticar filosofia enquanto atividade de busca de respostas (sistematização) aos fenômenos do mundo, e educação era ensinar saberes. Um exemplo da influência da filosofia sobre a educação é a crença geocêntrica de Aristóteles (322 a.C.) que só foi desfeita em 1609 por Galileu. Isto quer dizer que, por 1931 anos o mundo conhecido acreditou que a Terra era o centro do sistema solar. Isso era, inclusive, ensinado em todas as escolas ocidentais.
Quanto à filosofia, pode-se afirmar que Homero (autor da Odisséia) atribuiu ao Ocidente um modelo de homem (antropologia), uma ética (a dos heróis) e um berço (as origens da Grécia) e Hesíodo contribuiu com a Teogonia, modelos que foram ensinados geração após geração na educação Ocidental.
De acordo com Giovanni Reale (História da Filosofia), Tales de Mileto (VII a.C.), reconhecidamente o primeiro a questionar a origem de todas as coisas, mudou para sempre a história da educação. Pitágoras (530 a.C.) também fundou uma escola de Filosofia que tinha um fundo místico e religioso (crença na reencarnação das almas) e na "perfeição" dos números (depois desmistificada pela descoberta do número irracional). Mas foi Platão (427 a.C.), fundador da Academia, um dos mais influentes pensadores do mundo Ocidental, pois em sua escola surgiram alguns princípios da universidade. Outros nomes como Agostinho, Tomás, Montaigne, Marx, Nietzsche, Foucault, também deram sua contribuição para nortear as atividades da educação ao longo da história.
Para concluir, outra influência da filosofia sobre a educação: se Comte (1798) pensou o Positivismo com a escola centrada na autoridade do professor e avaliações tradicionais; Foucault (1926) mostrou que esse modelo de escola é semelhante à prisão porque os alunos são controlados por inspetores e professores e há avaliações que nem sempre mostram quem sabe mais, e podem funcionar como mecanismo de cooptação. Logo, se pensar precede ensinar, a filosofia precede a educação.
Excelente texto, professor Gerson. Muito embora a filosofia preceda não só a educação como, também, as outras demais Ciências; a relação entre ambas é de extrema cumplicidade. Um abraço... A respeito da educação, professor, tenho algumas postagem em meu blogger na tópico filmes, a saber: O Grande Desafio, Megamente e o Mágico de Oz. Todos abordam a ideia da educação e da filosofia. Conto, também, com a sua visita. Excelente blogger e riquíssimo conteúdo. Até...
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