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quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A LÓGICA DE ARISTÓTELES

Gerson Nei Lemos Schulz



Quem já não ouviu a frase: "é lógico!" Ela está na linguagem cotidiana. Muitos a usam indiscriminadamente. Quando alguém diz isso quer mostrar a quem quer que seja que seu interlocutor está equivocado e não viu o óbvio. Mas você sabe de fato do que trata a lógica?

A lógica é uma ciência formal, isto é, trata-se de um saber que não está necessariamente preocupado com a verdade, mas sim com a validade de um raciocínio. A lógica é a ciência que abstrai, e por isso é instrumento para outras ciências como, por exemplo, a matemática.

Pode-se dividir a lógica em três grandes áreas, a lógica dialética, primeiro tipo que apareceu na Grécia antiga entre os filósofos pré-socráticos como Zenão de Eléia (495 a.C.), a lógica formal de Aristóteles (384 a.C.) e a lógica matemática ou simbólica que consolidou-se na Modernidade com Leibniz (1646-1716) sem a qual não seriam possíveis os computadores.

A lógica dialética envolve a discussão que entre os gregos era sempre realizada em espaços públicos a fim de que qualquer cidadão pudesse debater suas teses e confrontá-las com outras. Não é a toa que na Grécia surgiu a democracia, pois para alguém ser levado a sério quanto ao que pensava, suas idéias deviam ser amplamente discutidas à exaustão sendo que aquela tese que não caísse em contradição ou no ridículo, geralmente perdurava por certo tempo como "verdadeira" até que aparecesse outra explicação melhor que a anterior, substituindo-a. Assim nasceu a filosofia, do confronto de teses (idéias). Mas Aristóteles não estava satisfeito com as várias "verdades" que advinham do debate que deveras era subjetivo sendo ganho, às vezes, no "grito". Por isso ele criou o silogismo. Este tipo de argumento não deixa dúvidas sobre sua objetividade, um exemplo: Todo homem é mortal. Sócrates é homem. Logo... Qual é a única conclusão possível que você pode extrair daí?

Aristóteles não aceitaria que o leitor dissesse "não sei". Para ele a conclusão é óbvia! Ou seja, o silogismo não pretende deixar dúvidas sobre o que infere ao contrário da dialética (discussão). E é a mente do homem que infere algo implícito nas premissas (as duas primeiras frases do silogismo), sendo a terceira frase chamada conclusão.

Nesse sentido Aristóteles dizia que o homem nasce com capacidades inatas (pré-disposição) para aprender, embora ele também diga que o intelecto se adequa aos objetos externos (às coisas). Então o silogismo é raciocínio puro, pois não leva em consideração a experiência externa à mente, apenas formaliza o juízo. A razão deve ver, julgar (analisar por meio do raciocínio) e agir tendo em vista o melhor para quem julga. Dominar o silogismo não é complicado embora alguns pareçam ridículos, o que não quer dizer que sejam falsos, pois a lógica formal não se preocupa com a realidade externa ao homem. Está errado o argumento que diz: "Toda estrela é quadrada. O Sol é uma estrela. Logo, o Sol é quadrado?" Do ponto de vista da realidade este argumento é incorreto, mas do ponto de vista lógico, não. Logo, é correto afirmar que o Sol é quadrado.

Assim, Aristóteles condenava a dialética acusando-a de não ser racional, pois debatedores geralmente usam sentimentos e emoções para convencer os outros. Enfim, depois das lições de Aristóteles, já deu tempo de você descobrir a conclusão do silogismo sobre Sócrates que perguntei acima?

2 comentários :

  1. Texto elucidativo e primorasamente bem escrito. Orgulho de ser aluno de Gerson.

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  2. Obrigado, fico feliz em saber que meus textos são lidos, pois não há escritor sem leitor.

    Gerson Schulz

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